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segunda-feira, 23 de maio de 2011

The New York Times: A morte de Bin Laden e a nova incógnita no Afeganistão

Muitos talebans recebem ajuda de fontes paquistanesas, e seu líder espiritual, o mulá Muhammad Omar, estaria no Paquistão
Dos esconderijos de barro dos talebans ao quartel-general da Otan em Bruxelas e ao Pentágono, os combatentes em uma guerra que já dura uma década fazem diferentes versões da mesma pergunta: como a morte de Osama bin Laden altera a disputa sobre quem vai controlar o Afeganistão?

Os talebans dizem que sua insurgência nunca dependeu só de Bin Laden, e eles poderão sobreviver a sua morte, mas o ataque americano que o matou levantou a possibilidade de que nem os principais líderes do movimento estejam seguros no Paquistão.

Muitos líderes europeus, porém, veem a morte de Bin Laden como mais um motivo para sair de uma guerra que, de qualquer modo, eles prometeram deixar nos próximos três anos. E, em Washington, membros do governo dizem acreditar que a morte de Bin Laden lhes oferece uma oportunidade de envolver a liderança taleban em uma negociação política.

"Se você é o mulá Omar", disse um dos principais assessores do presidente Obama sobre o líder espiritual dos talebans afegãos, que opera no Paquistão, "tem de se perguntar se o próximo conjunto de helicópteros virá para pegá-lo."

O mistério, hoje, é se a eliminação de Bin Laden como figura central da batalha entre os fundamentalistas e o Ocidente é realmente um ponto de virada, como aposta a Casa Branca.

Isso pode depender de acontecimentos futuros: se a Al Qaeda atacará de volta pela morte do seu líder, se a força militar americana no Afeganistão permanecerá em seu atual nível, e se os próprios militares afegãos serão mais capazes do que até agora de assumir a liderança em regiões disputadas do país.

Durante toda a semana passada, Obama e seus assessores enfatizaram que o objetivo é derrotar a Al Qaeda -os talebans, afirmam as autoridades desde 2009, precisam ser "degradados" como força para que os afegãos possam combatê-los, e os Estados Unidos possam sair do país. Separar a Al Qaeda dos talebans sempre foi um requisito de Washington para qualquer negociação.

Mas existe uma possibilidade alternativa citada em Cabul: os talebans podem levar a sério a morte de Bin Laden se sentirem que esse fato -e as disputas internas na Al Qaeda- poderá acelerar uma retirada americana da região.

Embora os talebans e a Al Qaeda tenham sido equiparados, acredita-se que seus objetivos sejam diferentes. A meta dos talebans é controlar o Afeganistão, enquanto a Al Qaeda pretende estabelecer uma rede terrorista global.

A pergunta para os Estados Unidos, agora, é quantos recursos devem ser dedicados a lidar com o que é essencialmente uma rebelião local, agora que Bin Laden se foi?

O apoio do Paquistão, a sobrevivência do mulá Omar e a relutância dos combatentes talebans a aderir ao governo afegão tornam improvável que a energia do movimento se esgote imediatamente.

De maneira semelhante, os líderes talebans não tiveram liberdade para sentar-se com o presidente Hamid Karzai e elaborar um acordo sem entrar em conflito com seus anfitriões paquistaneses.

Além disso, a importância da Al Qaeda para uma insurgência que está longe de uniforme em todo o Afeganistão, especialmente em termos de financiamento, diminuiu, segundo analistas de inteligência ocidentais e afegãos.

Um oficial de segurança afegão que rastreou membros da Al Qaeda desde 2001 e pediu para não ser identificado por causa de seu trabalho disse que Bin Laden não foi apenas uma figura carismática que inspirou tantos combatentes, mas também o principal captador de financiamento de ricos apoiadores em países árabes.

Os talebans já estão experimentando uma escassez de dinheiro em consequência da Primavera Árabe, disse o oficial.
Igualmente importantes para os talebans são seus refúgios e campos de treinamento nas áreas tribais do Paquistão, amplamente desgovernadas. Se eles sobreviverão, depende principalmente do Paquistão.

Toor Jan, um ex-membro dos talebans em Kandahar que se uniu ao programa de reconciliação do governo afegão em março, disse que estrangeiros acompanharam seus homens como mentores. "Havia alguns estrangeiros em cada grupo taleban, podemos dizer que dois ou três combatentes estrangeiros que ensinavam a usar munição e a plantar explosivos improvisados para provocar explosões", disse.

Sua descrição foi confirmada por membros das inteligências ocidental e afegã. O número de combatentes da Al Qaeda no Afeganistão foi, muitas vezes, estimado em menos de cem, segundo autoridades da inteligência local. Como eles serão afetados pela morte de Bin Laden não está claro, dizem elas.

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