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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Diante da crise financeira, Europa busca novos heróis


Faltavam minutos para começar o debate sobre "Europa e o caos", e aquilo era um caos europeu. Enquanto Umberto Eco e Julia Kristeva dançavam alguns passos com a velha canção "Istambul", os alemães Peter Schneider e Hans Christoph Buch discutiam com o húngaro György Konrád e o espanhol Juan Luis

Cebrián sobre a suposta sabedoria de Angela Merkel, e o anfitrião e autor do texto que deu título ao ato, Bernard-Henri Lévy, corria de moto pelas ruas de Paris para chegar a tempo.

Pouco a pouco, o público foi entrando na sala do teatro Rond Point, os estudantes do Colégio Europeu de Bruges se sentaram e os sete intelectuais contaram suas ideias e preocupações. Eco honrou sua pátria e foi o mais expressivo. "A Europa está cheia de perigos e inimigos. A Liga, Berlusconi, que um dia é europeísta e no outro lhe declara guerra, Cameron... É escandaloso que 50 anos depois tenhamos que assinar manifestos sobre a Europa. Creio que o problema é que nos faltam heróis. Devemos educar melhor nossos filhos. Só estudam os heróis nacionais, Joana d'Arc, Garibaldi... É preciso um novo programa, e elogiar os heróis realmente europeus, como lorde Byron, que foi lutar na Grécia pelos gregos."

A búlgara Kristeva foi mais otimista. "Há uma cultura europeia que sustente a federação de que precisamos? Sim. Embora muitos critiquem os gregos e os franceses, essa cultura é de todos. Só falta transformá-la na base do projeto." Os germanófilos revelaram que as diferenças culturais ainda são enormes. Konrád defendeu que Merkel salvou a Europa da crise causada pela "negligência dos países do sul", mas qualificou como "superficiais, nefastas e muito perigosas as divisões ideológicas Norte-Sul". Buch, que se qualificou como social-democrata, pediu uma política externa realmente comum e mais disciplina fiscal aos países mediterrâneos.

Cebrián, presidente de "El País", defendeu "um pacto imediato pelo emprego" e um compromisso que proteja o Estado do bem-estar e a cultura, e conclamou a UE a aproveitar as eleições europeias de 2014 para aproximar a democracia europeia dos cidadãos. "Se demos centenas de bilhões aos bancos, deve ser possível dar 100 bilhões para criar emprego."

Também se falou da posição europeia diante da guerra do Mali. Criticando o "silêncio estrondoso da Europa" no conflito, Bernard-Henri Lévy negou que a intervenção seja um resquício do colonialismo francês: "Isso foi o velho mundo, e o novo mundo é este: a Europa está vendo surgir um Estado terrorista nas suas portas e lava as mãos".

No texto "Europa ou o Caos", que deu origem ao debate e foi publicado no sábado (26) por "El País", "Le Monde" e outros jornais europeus, um grupo de filósofos, escritores e jornalistas alertou sobre os riscos de desfazer a Europa sonhada depois da Segunda Guerra Mundial. Vassilis Alexakis, Hans Christoph Buch, Juan Luis Cebrián, Umberto Eco, György Konrád, Julia Kristeva, Bernard-Henri Lévy, Antonio Lobo Antunes, Claudio Magris, Salman Rushdie, Fernando Savater e Peter Schneider lançaram uma advertência: união política ou morte.

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