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domingo, 30 de março de 2014

O que tem de verdade sobre a presença russa na Síria?

Russos na Síria
Na última madrugada, eu estava com febre e sem sono e daí resolvi acessar o Youtube para encontrar algum vídeo interessante para compartilhar com vocês. Assistia os vídeos da Guerra Civil na Síria, quando algo me chamou a atenção: a suposta presença de militares russos em solo sírio. Como eu sou muito curioso, resolvi investigar e lhes apresento o resultado de minha investigação.

Antes de apresentar as informações que eu obtive, queria lembra-los que a Rússia ajudou e muito Assad com informações sobre os rebeldes. Hoje em dia, na guerra moderna, a informação é de suma importância e talvez seja a melhor das ajudas. Em fevereiro de 2012, eu repercuti uma notícia de um jornal árabe, mas com sede em Londres, a qual dizia que a Rússia tinha mapeado as posições rebeldes e fornecido os dados ao governo sírio.

Mas o que há de verdade sobre a presença de militares russos na Síria?

Primeiramente, não podemos aceitar como verdade definitiva um vídeo do Youtube. Por mais que uma imagem valha mais que mil palavras, nem tudo parece ser o que é. No vídeo que eu vi e que se tornou de inspiração para essa investigação, os supostos russos podem ser muito bem cidadãos do leste europeu. Uma coisa é certa: oficialmente a Rússia não enviou tropas à Síria, mas estava preparando seus paraquedistas para atuarem em uma suposta missão de paz naquele país. Se a Rússia enviou soldados na surdina, não saberemos ao menos que algum dado relevante apareça. Por falar em dados, vi em um canal árabe que a Rússia mandou uma Spetsnaz (Força Especial) da Frota do Mar Negro para a Síria. Se eu entendi bem, eles mandaram dois times: um rumou à Síria em um navio que eu esqueci o nome agora e o outro foi embarcado no porta-aviões Admiral Kuznetsov. Os dois times desembarcaram no porto  de Latakia. Esses operadores de forças especiais, segundo o canal árabe, proviam da cidade russa de Novorossiysk. No entanto, não podemos tomar como crível essa informação.

A única versão verdadeira até o momento é que cerca de 267 mercenários russos foram para Síria em um primeiro momento fazer a segurança de petrolíferas privadas. Isso é informação do próprio FSB (agência de inteligência sucessora da KGB). A ironia é que muitos voltaram à Rússia antes do tempo previsto, pois não aguentaram aquela confusão na Síria e foram presos pela inteligência russa sob a acusação de terem cometidos atos criminosos previsos no Artigo 359 do Código Penal russo.

O inciso 1º do referido Código Penal diz que o recrutamento, formação, financiamento, fornecimento de outro material de apoio e o apoio em um conflito armado prevê um período de 4 a 8 anos de precisão. Já o inciso 3º diz que a participação em conflitos armados por um mercenário será punida com 3 a 7 anos de prisão. Por ceder seus funcionários aos magnatas do petróleo na Síria, o governo russo está enquadrando a empresa Moran Security Group no artigo citado acima.

Segundo um canal russo, vários russos foram presos, pois eles formavam parte do “Corpo Eslavo” na Síria e tinham sido atraídos por empresários do ramo de segurança de São Petersburgo. Esses empresários haviam prometido US$ 5 mil por mês para essas pessoas.

Um desses mercenários se tornou famoso depois que o Estado Islâmico do Iraque e do Levante capturou seus documentos. Esse mercenário era o militar reformado Alexei Malyuta. Em outubro de 2013 ele foi declarado morto pelos rebeldes, mas, no entanto, ele esta vivo. Os militares subiram um vídeo na internet onde exibem os documentos e alguns pertences de Malyuta.

Foi esse episódio em particular que revelou a participação dos russos no conflito sírio e suscitou várias teses.

Esse canal russo ainda afirma que depois de terem assinado um contrato, esses mercenários voaram para Beirute e em seguida se dirigiram à Damasco por via terrestre. Eles passaram cerca de 1 mês em uma base de reservistas para aprenderem sobre o país e depois foram mandados para Latakia. Eles tiram fotos nesse meio tempo fardados e armados. Essas fotos foram parar na internet, o que aumentou os rumores da presença russa na Síria.

Em Latakia os russos receberam armas e coletes obsoletos, muitos desses equipamentos eram remanescentes da Segunda Guerra Mundial. Um dos mercenários conta que eles receberam tanques surrados T-72 da Guerra do Afeganistão. Esses mercenários disseram que tiveram que percorrer mais de 800 km por territórios controlados por rebeldes em veículos que não tinham a menor mobilidade.

Eles também argumentam que na cidade de Al-Sukhnah, os russos ficaram sob intenso fogo inimigo e seis deles ficaram feridos, os soldados foram obrigados a debandar. Foi nesse momento que Malyuta deixou para seus pertences para atrás, os quais foram usados como propaganda depois pelos rebeldes. Ainda segundo eles, nenhum soldado russo morreu.

Pesquisando em outra fonte eu encontrei o relato de um tal de Sergey (ele não revela seu sobrenome), um soldado que não quis ir para a Síria. No seu relato, Sergey afirma que foi um operador das Spetsnaz russas e que ele passou toda a década de 90 engajado na luta anti-terrorista. Depois ele se aposentou e passou a viver com um salário de fome, conta ele. Isso forçou ele a adentrar em uma empresa de segurança privada que buscava por soldados com experiência de combate e que falavam outros idiomas. Como ele fala inglês e árabe ele foi contratado para escoltar navios no Oceano Indico.

Segundo Sergey, a segurança privada não é valorizada na Rússia e por isso considerou por um momento aceitar o convite da “Corpo Eslavo”.

“Em março (de 2013) me ligaram e me perguntaram se havia de minha parte o interesse de participar de uma operação terrestre. Oriente Médio, segurança de instalações... O salário é de US$ 5-8 mil dependendo da posição, o resto você descobre mais tarde”, disse à Sergey o interlocutor de modo vago.

Ao se aprofundar mais no convite que lhe fora feito, ele percebeu que tudo se tratava de uma operação especial completa e que o Corpo Eslavo tinha mais de 2.000 homens na Síria. Ele recusou o convite pois sabia que estaria sujeito a penalidades futuras pelo motivo já explicado mais acima.

Ele conta relatos de seus amigos, onde cerca de 300 russos enfrentaram cerca de 800 rebeldes de várias partes do mundo, inclusive do Talibã. Ele também conta sobre Malyuta, mas não acrescentou detalhes.

Reportagem da TV russa sobre o "Corpo Eslavo".

2 comentários:

  1. Nesse mundo capitalista tem gente disposto para tudo. Claro que deve ter montes mercenários Russos na Síria prestando serviço de segurança.

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  2. Muito bom Michel, pois o que vale é a informação. Dê prosseguimento ao seu trabalho. Ótimo.

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